Quantas vezes você já reassistiu à sua série favorita? O que estimula você a ver o mesmo conteúdo repetidas vezes - não raro, até num curto espaço de tempo? A boa notícia é que, conforme a ciência, esse costume faz bem à saúde.
A chave está no poder da nostalgia. Segundo a neurociência, ela surge quando os dados sensoriais atuais - como o que você assiste na TV ou no streaming - correspondem a emoções e experiências passadas.
Isso desencadeia a liberação de dopamina, um neurotransmissor do sistema de recompensa envolvido na emoção e motivação. O encontro com a lembrança é como carregá-la automaticamente e voltar a tocar em experiências positivas passadas, elevando o desejo e regulando o humor.
Reportagem do site The Conversation publicada no Brasil pela revista Galileu explica que a saudade se baseia em experiências codificadas na memória. Assim, os programas de TV que escolhemos assistir novamente refletem nossos valores, gostos e as fases da vida pelas quais passamos.
Isso explica por que as reinicializações de nossos filmes ou série favoritos por vezes não dão certo e acabam nos deixando decepcionados. Por outro lado, na maioria das vezes o que aparece é uma sensação de conforto diante do que já é conhecido e apreciado.
Nostalgia compulsiva
A pandemia de Covid-19 desencadeou uma onda de nostalgia. Nos Estados Unidos, a agência Nielsen descobriu que o programa mais transmitido de 2020 foi a versão americana da série The Office, sete anos após o término da exibição dela na televisão.
Pesquisa da Radio Times revelou que 64% dos entrevistados disseram ter assistido novamente a um seriado de TV durante o confinamento, sendo que 43% assistiram a programas nostálgicos.
O fato de sermos jogados em uma situação desconhecida e em um estado perpétuo de inquietação pode ter contribuído com o cenário. Tínhamos mais tempo disponível, mas também queríamos nos sentir seguros. A sintonia com o conteúdo familiar na televisão oferecia uma fuga - um santuário das realidades do futuro desconhecido.
Revisitar as conexões com os personagens da TV nos dava uma sensação de controle. Sabíamos o que estava por vir no futuro deles. A calma e a previsibilidade de cada arco apresentado equilibravam a incerteza dos nossos.
Apego aos personagens
Há outra equação a se considerar. Embora unilaterais, os relacionamentos que formamos com os personagens de nossos programas de TV preferidos podem parecer muito reais. Eles podem aumentar o senso de pertencimento, reduzir a solidão e continuar nos atraindo.
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Quando assistimos novamente, sentimos tristeza, alegria e saudade, tudo ao mesmo tempo. Chamamos a soma dessas contradições de nostalgia.
Originalmente cunhada no século XVII para descrever soldados suíços prejudicados pela saudade de casa, psicólogos agora entendem a reflexão nostálgica como um escudo contra a ansiedade e a ameaça, promovendo uma sensação de bem-estar.
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