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Tatiane Joseph Khoury, de 20 anos, foi identificada em um vídeo da torcida organizada da faculdade particular; caso aconteceu no último sábado, durante os Jogos Jurídicos Estudantis

A estudante de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Tatiane Joseph Khoury, de 20 anos, foi demitida do escritório de advocacia onde trabalhava como estagiária após ser identificada em um vídeo ofendendo alunos cotistas da Universidade de São Paulo (USP). A informação foi confirmada ao GLOBO pelo escritório Pinheiro Neto Advogados. O caso aconteceu no último sábado, durante os Jogos Jurídicos Estudantis, e foi denunciado como racismo ao Ministério Público.

O escritório Pinheiro Neto Advogados lamenta o episódio ocorrido durante os Jogos Jurídicos Estaduais, no último sábado (16). O escritório reitera que não tolera e repudia racismo ou qualquer outro tipo de preconceito. Informamos que a estagiária envolvida nesse episódio não integra mais o escritório", disse, em nota.

O que diz a polícia?

A Polícia Civil informou que analisa imagens que mostram alunos da PUC proferindo falas preconceituosas contra cotistas da USP. Até a manhã desta segunda-feira (18), as autoridades não haviam localizado registro de ocorrência.

A Polícia Civil informa que, até o momento, não localizou registro da ocorrência. A autoridade policial, ciente dos fatos, analisa as imagens para identificar os envolvidos e está à disposição para o registro da ocorrência, bem como para apurar qualquer informação que possa ajudar nas investigações", disse a polícia, em nota.

O que aconteceu?

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram integrantes da torcida da PUC proferindo insultos como "pobre" e "ainda por cima é cotista" a alunos negros da USP.

O evento foi realizado em Americana, no interior de São Paulo, e ganhou repercussão após vídeos viralizarem nas redes sociais. As ofensas ocorreram por parte de estudantes da Torcida da Atlética 22 de Agosto, durante uma partida de handebol masculino entre equipes da universidade particular e da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da USP.

Em seu perfil no X, antigo Twitter, a co-deputada estadual Letícia Chagas divulgou que, em conjunto com a deputada federal Sâmia Bomfim e a vereadora Luana Alves (PSOL), denunciou o caso ao Ministério Público, solicitando a abertura de inquérito para investigar o ocorrido.

Segundo a denúncia,

as ofensas transcendem o ambiente de rivalidade esportiva e configuram um comportamento discriminatório que associa a condição socioeconômica e racial de estudantes cotistas a uma suposta inferioridade". O documento também ressalta que "tais atitudes configuram violação aos direitos fundamentais e ferem diretamente os valores da dignidade humana e da igualdade".

Em uma nota de repúdio conjunta, as diretorias das Faculdades de Direito da USP e da PUC-SP afirmaram que as "manifestações são absolutamente inadmissíveis". As instituições se comprometeram "a apurar rigorosamente o caso, garantindo a ampla defesa e o devido processo legal, e a responsabilizar os envolvidos de maneira justa e exemplar".

Além da responsabilização dos envolvidos, é indispensável avançarmos na direção de políticas preventivas e de acolhimento. Planejamos implementar protocolos que fortaleçam ouvidorias, promovam a prevenção e a educação antirracista e assegurem um ambiente inclusivo e respeitoso para todos os alunos e alunas. Essa é uma demanda frequente da comunidade acadêmica, que exige ações concretas e eficazes", disse o comunicado.

Neste domingo, a PUC-SP soltou uma nova nota lamentando o ocorrido. A universidade ressaltou que

promove a inclusão social e racial, por meio de programas de bolsas na graduação e na pós-graduação" e que incluiu "letramento racial na formação dos docentes".

O Globo

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